A Projeções psicológicas Dificulta
Projeções Psicológicas: Eu não aceito o sentimento e jogo em você
Em situações desconfortáveis é complicado saber de onde vem o desconforto, enfim, se é de mim ou da outra pessoa.
Você já passou pela experiência de ser obrigada a lidar com pessoas que você tem um certo receio? Não estamos falando de uma pessoa que seja abertamente ofensiva.
Não é fácil encontrar uma saída construtiva para algumas situações incomodas. Mas a psicanálise tem vários conceitos para descrever esta situação. Um deles chama-se “identificação projetiva”. (projeções psicológicas)
A identificação projetiva foi descrita pela primeira vez pela psicanalista Melanie Klein.
Funciona na prática desta forma:
O Alessandro tem um sentimento de inveja, mas prefere evitá-lo e por isso projeta-o, inconscientemente, na esposa Carolina. Muitas vezes, a projeção falha, porque a outra pessoa “recusa-se a aceitar” a projeção.
Contudo, em alguns casos, a pessoa b ressoa ou de alguma forma identifica-se com a projeção da pessoa a e acaba por agir ou sentir de forma a combinar a projeção (A projeção do Alessandro com os sentimentos da Carolina). Então, temos a Identificação Projetiva.
Projeções e outro exemplo:
Vera é uma personal trainer de sucesso que adora o seu trabalho. Ela tem ajudado inúmeras pessoas a atingir os seus objetivos e o seu novo aluno, Tomás, quer perder peso e aumentar a força muscular.
Após o primeiro treino, Tomás, enviou várias mensagens a Vera e ela respondeu, mas sentiu-se um pouco sobrecarregada com a sua necessidade de atenção.
No segundo treino, Tomás, apareceu bravo, pois, não tinha feito nenhuma das mudanças que Vera sugeriu.
Vera considerou a falta de entusiasmo de Tomás frustrante, pois, ela tinha tendência para se culpar se os alunos não melhoravam, perguntando-se se estaria a fazer algo de errado.
Durante o segundo treino teve uma sensação de desconforto. Ela desejava que o treino terminasse, rapidamente. Tentou ignorar a sensação e encorajou, Tomás, a manter o bom trabalho.
Mais tarde recebeu um longo texto onde, Tomás, se referia aos treinos dizendo que não estavam ajudando e sentia que Vera o “via apenas como uma fonte de rendimento” e que queria trabalhar com outra pessoa.
Vera pensou se olhava para os seus alunos como uma fonte de rendimento, sentimentos e pensamentos que normalmente não tinha com outros alunos.
Sentia-se confusa e não sabia o que estava a correr mal com Tomás, pois, tinha dúvidas sobre a sua própria forma de agir. Poderá este ser um caso de identificação projetiva?
Vamos analisar os vários passos.
Projeções: Primeiro passo:
Nomear a emoção
Vera disse ao seu terapeuta: “Sinto que não consigo fazer nada bem”.
Este é o primeiro passo. No entanto, muitas vezes, não prestamos atenção aos sentimentos desconfortáveis à medida que eles acontecem.
Em vez de percebermos que estamos ansiosos ou frustrados podemos perder a calma com o aluno e sentir um aperto no estômago ou uma tensão no pescoço “sem motivo”. Se nos sentirmos mal devemos parar e refletir.
Projeções: Segundo passo
Aceite os sentimentos e não julgue a si próprio
Dê a si próprio a liberdade de se conectar com os seus sentimentos sejam eles quais forem.
Isto pode ser difícil, especialmente, se um certo sentimento não se encaixar com a forma como gosta de ver a si próprio. Por exemplo, pessoas motivadas para ajudar os outros orgulham-se de se sentirem úteis.
Projeções Psicológicas: Melaine Klein
Se essa pessoa tiver uma experiência negativa ao tentar ajudar alguém poderá negar ou afastar esses maus sentimentos.
Vera sentiu-se mal consigo própria por não ter desfrutado do tempo com o seu aluno. “Uma treinadora verdadeiramente dedicada não deveria sentir-se assim, pensou ela".
A terapeuta de Vera disse-lhe que não era uma pessoa má por ter a sensação de que não queria ajudar Tomás.
Quando deixou de julgar a si mesma foi capaz de compreender a sua própria experiência e perceber melhor que Tomás projetava nela os seus sentimentos de carência e baixa autoestima.
Projeções Psicológicas: Terceiro passo:
Sentimentos são um conjunto de informações sobre uma pessoa
Depois de nomear os seus sentimentos e deixar de se julgar pode se perguntar: O que é que este sentimento me diz?
Simplificando: O sentimento surgiu numa interação entre você e outra pessoa que contém informações sobre você, mas também sobre a outra pessoa.
Vera afastou-se do sentimento de que não fazia nada bem e depois percebeu-se de algo muito importante.
O que ela estava sentindo sobre si própria refletia na realidade o que Tomás sentia sobre ele próprio: Indesejável, sem esperança e duvidando das suas próprias motivações.
Ou seja, um caso de identificação projetiva.
À medida que Vera identificava, aceitava os seus sentimentos e considerava a informação recolhida deixou de se sentir perturbada e defensiva.
Presta Atenção aos Sentimentos Desconfortáveis
Ela foi, então, capaz de compreender e ajudar Tomás da forma que ele precisava, mas não tinha consciência ou não conseguia comunicar ou pedir diretamente.
Vera enviou uma mensagem a Tomás para marcar uma reunião. Ao conhecê-lo melhor, percebeu que ele não queria apenas perder peso e aumentar a sua força muscular.
Ele, também, se sentia bastante em baixa com a sua aparência. O que Tomás realmente queria, mas não podia ou não sabia como dizer, era sentir-se atraente e confiante na sua vida amorosa.
Uma vez que Vera compreendeu isso, Tomás, sentiu-se compreendido e foi capaz de seguir os seus conselhos sem necessidade de expressar inconscientemente a sua baixa autoestima através da identificação projetiva.
Resumindo, quando se sentir repetidamente inquieto e mal sucedido na gestão de uma situação interpessoal, dê um passo atrás para pensar de onde vem esse sentimento. Pode não se tratar algo que surge, necessariamente, apenas de si.
Traduzido/adaptado por Pedro Martins a partir de: Understanding Boundaries: What is Projective Identification – John K. Burton