Você já teve medo de algo e, com o tempo, aprendeu a lidar com isso? Cientistas agora sabem como o nosso cérebro faz isso acontecer.
Um estudo recente pode mudar tudo o que sabemos sobre o tratamento para transtornos de ansiedade.
Como fobias, crises de pânico e até mesmo o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
O que os cientistas descobriram?
Pesquisadores do centro Sainsbury Wellcome, na Inglaterra, fizeram um experimento com camundongos para entender como o cérebro lida com o medo.
Eles mostraram aos animais uma sombra que parecia um predador se aproximando. No começo, os camundongos corriam para se esconder.
Mas, depois de verem a sombra várias vezes sem que nada de ruim acontecesse, eles pararam de fugir.
Isso mostra que o cérebro pode “aprender” que algo que parecia perigoso não é uma ameaça real.
Esse tipo de aprendizado é parecido com o que acontece quando uma criança deixa de ter medo de fogos de artifício, por exemplo.
Leia também: Como a Dopamina Ajuda o Cérebro a Esquecer o Medo e Reduzir a Ansiedade
Qual parte do cérebro está envolvida?
Os cientistas descobriram que uma área do cérebro chamada vLGN (núcleo geniculado ventrolateral) é a chave para esse processo.
É ali que o cérebro guarda a informação de que o perigo não é real.
Antes, pensava-se que o aprendizado e a memória dependiam principalmente do córtex cerebral, que é a parte mais complexa do cérebro.
Mas esse estudo mostrou que o vLGN, uma parte mais “antiga” e profunda do cérebro, é quem realmente guarda essa memória de segurança.

Como o cérebro muda com esse aprendizado?
Durante o estudo, os cientistas perceberam que os neurônios (as células do cérebro) ficaram mais ativos no vLGN quando os camundongos aprenderam que a sombra não era perigosa.
Essa mudança aconteceu por causa dos endocanabinoides, substâncias naturais que o próprio cérebro produz. Elas ajudam a regular o humor, a memória e até o medo.
Quando são liberadas, elas reduzem o “freio” que impede esses neurônios de se ativarem, permitindo que o cérebro aprenda a ficar calmo.
Por que isso é importante para quem sofre de ansiedade?
Esse aprendizado pode ajudar a explicar por que algumas pessoas têm reações exageradas de medo, mesmo quando não há um perigo real.
Em casos de ansiedade, fobias ou TEPT, o cérebro pode ter dificuldades em desligar esse “alerta vermelho”.
Agora que os cientistas entendem melhor como o cérebro lida com medos instintivos, isso abre caminho para novos tratamentos para transtornos de ansiedade.
Terapias futuras podem usar esse conhecimento para agir diretamente nos circuitos cerebrais que controlam o medo e talvez até nos sistemas de endocanabinoides.
E o que vem pela frente?
A equipe de cientistas planeja estudar essas descobertas em pessoas, em parceria com profissionais da saúde.
O objetivo é transformar esse conhecimento em tratamentos práticos e eficazes para quem sofre com o medo constante e os sintomas da ansiedade.
Essa descoberta representa um passo importante para entendermos como o cérebro aprende a se acalmar e oferece esperança real para milhões de pessoas em busca de alívio.
Referências da Pesquisa
Fonte da história:
Materiais fornecidos pelo Sainsbury Wellcome Centre . Observação: o conteúdo pode ser editado quanto ao estilo e tamanho.
Sara Mederos, Patty Blakely, Nicole Vissers, Claudia Clopath, Sonja B. Hofer.
Substituindo um instinto: o córtex visual instrui o aprendizado a suprimir as respostas de medo .
Science , 2025; 387 (6734): 682 DOI: 10.1126/science.adr2247

Pós graduado em Administração de Empresas. Redator Profissional, Pesquisador e Criador de Conteúdo para Blogs.