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Fernando Pessoa Poemas: Veja as 20 Melhores do Poeta

Fernando Pessoa Poemas: Veja as 20 Melhores do Poeta




Fernando Pessoa marcou para sempre com os seus poemas. Ele foi um célebre poeta e escritor português do século XX. Nascido em Lisboa em 1888 e falecido em 1935.

É considerado um dos maiores representantes da literatura em língua portuguesa, em suma, ficou conhecido por sua multiplicidade de personalidades literárias, que criou ao longo de sua vida.

Um de seus heterônimos mais famosos é Alberto Caeiro. Um lavrador simples que escrevia poesias que celebravam a natureza e pregavam a simplicidade.

Outro heterônimo importante é Álvaro de Campos, um engenheiro naval, que escrevia poemas de cunho urbano e futurista.

Além desses, também, adotou outros heterônimos, como Ricardo Reis, um poeta clássico e Bernardo Soares, um semi-heterônimo que escrevia prosas poéticas e diários íntimos.

Através de seus heterônimos, Pessoa, explorava diferentes estilos literários, perspectivas filosóficas e visões de mundo, conferindo à sua obra uma diversidade única.

Sua poesia é marcada por uma profunda reflexão sobre a existência, o amor, a morte e a condição humana.

Em suma, a linguagem dele é densa e complexa, muitas vezes, explorando jogos de palavras e ambiguidades.

Pessoa publicou pouco em vida e, após sua morte, sua obra foi descoberta e estudada, recebendo reconhecimento internacional.

Hoje, é considerado um dos poetas mais importantes e influentes da língua portuguesa

Pois, sua visão desconstruída da identidade e sua abordagem literária inovadora continuam a inspirar gerações de escritores e leitores ao redor do mundo.

Fernando Pessoa Poemas: Veja as 20 Melhores do Poeta

Fernando Pessoa Poemas

1- Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

2- Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(e se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
E com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.




Fernando Pessoa Poemas

3- Guardador de Rebanhos

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.

Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se ao meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada como uma borboleta
Que dentro em nós bateu.

Sim, tudo é isso, e como eu nunca guardei rebanhos,
É como se os guardasse.

4- Navegar é preciso

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso."

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
Transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma)
a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.

Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a Pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

5- Desassossego

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.

6- Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

7- Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
E que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
E tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

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Fernando Pessoa Poemas

8- No Túmulo de José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco

À porta do Brasil não chegaremos nunca,
Mas a porta do Brasil está aberta sempre.
Vou-me embora com o rio, a flor e a gente
E para sempre vou ficar em Portugal.

9- Antínous

Ninguém me corte os pulsos,
Que os pulsos são meus e não dos deuses.
É inútil que os deuses fiquem pensando.
Os deuses são mansos e bons,
Mas não querem quem se mata.
Vivam-me os pulsos livres,
Para a tarde me dizer que há sol
E para a chuva me dizer que há gotas,
Para o vento me dizer que há árvores,
E para o calor me dizer que há prados,
Para a noite me dizer que há estrelas.
Não me cortem os pulsos,
Me apaguem o cigarro,
Não me escondam o rio.
Os deuses fecharam a porta
Por onde espiavam os meus sonhos,
E não quero deuses nem portas fechadas.
Quero que abram as portas por onde eu passe
E fechem todas as portas por onde eu não passe.

10- Infante

O infante D. Pedro, irmão do infante D. Henrique,
Seu mestre, quando cresceu,
Disse que preferia um livro ao cetro que o povo
Um dia lhe impôs.

Tinha razão o infante.
Um livro é melhor que um cetro.
Um livro não faz mal.
Um cetro pode fazer.

Eu não sou infante nem hei de ser rei.
Mas preferia ser infante que ser rei, se fosse.
Não, não preferiria nada.
Porque isso de preferir é uma modalidade
Da existência da matéria,
E eu não sou matéria.

O infante D. Pedro, quando disse isto,
Seu mestre, que era então o frei Gil,
Disse que ele tinha razão.

Tinha razão o mestre do infante.

Mas, se tivesse razão em ter razão,
Nem por isso teria razão, porque a razão
Tem razões que a própria razão
Não tem.

Tinha razão o mestre do infante, por isso
Tinha razão o infante.
Porque uma coisa é a razão que outra coisa
Há em ter razão.

Tinha razão o infante. Mas, ter razão,
O mestre do infante tinha razão, que nem
Por ter razão teria.

O infante D. Pedro era um grande infante.
E, depois de ser infante, foi um grande rei.
Mas o que mais queria era ser poeta
No seu mestre, o Santo Ofício.

11- Natal

Era a noite de Natal.
Na casa tudo dormia.
Só ela velava, e ali, ao lume,
Suspiros, sonhos tecia.

E os sonhos eram dela,
E os suspiros o que são:
Ateus de um fogo mortiço
Onde a alma arde e é em vão.

E a neve cai, mansa e branca,
Lá fora. Em nós cai, também,
Esse silêncio que, vindo de longe,
A alma cobre e embala a quem




Fernando Pessoa Poemas

12- À Minha Alma

Não sei por que sinto o que sinto,
Nem porque este bem, que me encanta,
Eu o não goze nem o sinta,
Nem tenha crença que o mereça.

E, ao lembrá-lo, esta alma que minta
Em dor de o sentir. E só sabe
Do que sente que é dor, e sente
Que toda a alma é um dizer que doi.

Só o momento do não sei quê,
Em que, talvez sem o ter sabido,
Toda a dor deste viver é dor,
É que é bom, porque é sem ser sentido.

Assim é como o amor:
A melhor coisa que há nele
É ele não ser amor,
Para que seja doce.

13- O poeta é um fingidor

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

14- O Tejo é Mais Belo que o Rio que Corre pela Minha Aldeia

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grande navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que veem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.

Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
donde vem.

E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Fernando Pessoa Poemas

15- Liberdade

Liberdade o que és tu?
perguntou o menino,
vendo o pássaro voar.

Se soubesses o que és tu,
serias menos que o vento
e as ervas do chão do mar.

E como a palavra é vã
Quando sôfrega se espera,
O pássaro voou, voou...
E o que eu quisera
Era o que voou, voou...

15- Passagem das Horas

Passam as horas, passam os idos tempos
Que jazem sujos para além do rio.
E nem as águas do rio
Passam, porém passam e tornam-se outras.

E, todavia, temo que ninguém passa.
Que só na alheia e vã recordação
Passamos, e que só
Recordamos porque passámos.

Não passamos; fica o rio, fica a terra,
Persiste a hora que passou, e nela
Nosso tempo a vogar é sempre vão.

Volve no curso, em coorte, em pompa, o tempo,
Mas quem é que passou? Quem é que o soube?
E, se o soubesse, quem,
Não a si, passaria?

16- Coração Independente

Coração independente, que não te curvas,
Senão à própria dor, nada em ti importa
Aos homens que nasceram
Mais do que à própria sorte.

Alheio às leis dos homens, só obedeces
Ao bem que hajas de ti próprio esperado,
E à própria voz, que te
Grita no peito irado.

A ti de nada valem as humildes
Palavras que, em surdina, te murmura
O submisso amor:
Só a ti, só a ti, teu verbo dura.

E tanto que o teu verbo só te basta,
Não importa que os homens te condenem:
Serás tua vitória
Sobre os que te não amem.

Nem te dor nem te glória sejam doados
Da fonte que nos outros corre à sorte;
De ti só venha a vida
Que em ti mesmo te importe.

E então, seguindo a tua estranha senda,
Na noite ou na claridade cega,
Que importa que te sigam,
Se nunca seguem outra que te nega?

Coração independente, inerte aos gritos
Dos que te querem cego ou vassalor,
Pela verdade só
Que em ti tens, lhes és maior.

Vencerás se fores o teu sol vencido,
E ao vencer-te a ti mesmo, triunfado,
Contra a própria vitória
Serás pela vitória conquistado.




Fernando Pessoa Poemas

17- O Que será de mim?

Oh, meu Deus, meu Deus, meu Deus,
Que estais sobre todos os deuses,
Como um leão entre os cordeiros!

Dai-me ouro, dai-me a riqueza
E, sobretudo, dai-me essa
Com que a gente possa ser alguém!

Dai-me mais ouro, dai-me mais
Que eu sou ambicioso e hei de ter
A maior fortuna do mundo!

Mas dai-me mais ouro, porque eu
Quero possuir tudo quanto há
E aquilo que há para além!

Ó Deus meu, Deus meu, Deus meu,
Se não me derdes tudo isso,
O que será de mim?!

18- O menino de sua mãe

O menino de sua mãe
Não tem medo do bicho-papão:
Quando a mãe fecha a janela
E põe a tranca na porta,
Ela deixa o bicho-papão
Atravessar a vidraça.

O menino de sua mãe
Não tem medo do bicho-papão:
Quando a mãe fecha a porta
E põe a chave na fechadura,
Ela deixa o bicho-papão
Abrir a porta com a chave.

O menino de sua mãe
Não tem medo do bicho-papão:
Quando a mãe acende a luz
E apaga o candeeiro a petróleo,
Ela deixa o bicho-papão
Tomar a luz da vela.

O menino de sua mãe
Não tem medo do bicho-papão:
Quando a mãe o deita e o cobre
E apaga o quarto e o beija,
Ela deixa o bicho-papão
Levá-lo nos braços para o céu.

19- Mar Português (II)

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa Poemas

20- O teu nome

Aqui, neste meu canto,
O teu nome escrevo,
Em traços de encanto,
Que o vento leva e eleva.

Neste verso breve,
Na alma que o revela,
Teu nome vive e tece,
Como estrela que brilha e revela.




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Walmei Junior

Pós graduado em Administração de Empresas. Redator Profissional, Pesquisador e Criador de Conteúdo para Blogs. Robby: Culinária

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